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Dar Jus ao Nome

  • Foto do escritor: Memória Viva
    Memória Viva
  • 9 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 10 de out. de 2024

(Imagem: Vítor Torres, s/d)


“Então, tava no meu primeiro ano da Universidade, era na Latada, ou isto era quê, outubro, se não me em erro… É, então, o Vítor veio de Braga, era um miúdo do Norte, né, quis se fazer de forte, que os Doutores viam gente do Norte: “Esse rapaz deve beber bem!” E eu: “Claro!” Queria dar jus ao nome. E então disse: “Claro que sim!” E nós recebemos todos, que eram caloiros, recebemos todos um penico. E esse penico era usado no início para porem bebidas, os Doutores chegavam lá e punham-te bebida, seja lá o que for, vinho branco, vinho tinto, cerveja, bebidas brancas, tudo lá para dentro. E quando eles diziam “penálti” tu bebias tudo.


Pronto, e o Vítor, claro! Está a se fazer de forte, né, disse: “Podem pôr!” E toda a gente pôs, e o penico ficou quase cheio, e o que é que o Vítor fez? Beber, bebe! E bebeu! Bebi tudo! E o que é que aconteceu: desde o Dom Dinis [estátua], até ao Papa [João Paulo II, estátua], o Vítor sorriu, bebeu todo contente, maravilhoso. Chegou ali ao Papa, ainda tentei mijar dentro da prisão que temos aí em baixo. O homem veio com um cassetete… Verdade! Tenho testemunhas. E a minha madrinha… tentei mijar dentro da prisão, que o portão tava aberto, e o gajo ia para me bater com o cassetete… [Pausa] A minha madrinha puxou-me para fora, basicamente puxou-me a fora quando eu tava já a puxar as calças para baixo. Porque eu ia fazer ali mesmo a pilotas, mesmo a criança, puxar as calças todas para baixo e ia começar a mijar. Já tava a ficar bastante alegre. Lembro de passar depois um bocadinho do Papa e apaguei. Acordei, ou lembro-me de acordar perto do [rio] Mondego, pois não, já no Mondego até, na ponte do Mondego, a levar com banhos de água pela cabeça acima… Tava a ser batizado. [Pausa] Acordei com esse banho de águas, uma das minhas madrinhas a me batizarem. Na altura, como eu tinha dito, ter madrinhas era sinal de ter bons apontamentos, que as raparigas têm os melhores apontamentos, pronto. E apaguei de novo.


Lembro-me de acordar depois com o meu padrinho e com uma amiga de meu curso a levarem-me volta para casa, acordei no dia seguinte no sofá da casa do meu padrinho, com um montão de pirocas e florzinhas e o caraças na minha cara. Ainda hoje tenho essas fotos. Ah, eu tava mascarado de Flintstone! Então imagina-me eu com um topzinho, daquelas tecido de tigresa, umas cuequinhas, o que, umas sungas - ou lá o que que era - e uma chupeta, que também era hábito de os caloiros levarem. E pronto, aí tens uma sessão [risada] da minha experiência.”


(Transcrição e edição a partir de relato em áudio).

 

Relato ocorrido em Outubro de 2013.

 

Autoria:

Vítor Torres

Idade:

31

Nacionalidade:

Português

Secção:

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Cargo:

Estudante | 1º Ciclo


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